Quem conhece Elidaiane Rodrigues de Almeida, ou melhor, Eli, não tem noção que por detrás daquela mulher aparentemente tímida há uma exuberante artista. O jeito quieto logo é traído pelo sorriso largo e tipicamente baiano que lança ao longo da conversa e assim o gelo é quebrado, dando espaço a um prazeroso bate-papo.
O Inquietude Brasileira começa então uma prazerosa entrevista com essa negra linda que já, bem novinha, foi descoberta pela sua beleza e arte… a dança e a partir daí não parou mais. De Salvador partiu para Europa onde trabalhou por 12 anos como dançarina. Hoje, casada com o empresário Simone Cordioli, forma uma interessante dupla e dividem suas vidas entre Brasil e o mundo através do Cores da Bahia mostrando um pouco da arte e da cultura brasileira.
Bateu curiosidade? Então leia a nossa entrevista.
IB- Como você começou a dançar?
Eli- No ano 2000, eu estava participando de um concurso do Ilê Aiyê chamado “Deusa de Ébano” em Salvador. No dia após a competição um jornal local, publicou uma foto minha.
A reportagem chamou a atenção de um empresário italiano, Cito Giuseppe, que morava em Salvador com sua esposa brasileira e decidiu me procurar diretamente na escola de dança onde eu me preparava.
Encontramo-nos pela primeira vez na Escola de Dança do prof.º Antônio Cozido, e durante a entrevista, ele me perguntou se eu estaria interessada em ir para a Itália para fazer uma turnê em seu grupo Brasil Bahia Show.
Incrédula, corri para minha mãe para falar sobre o assunto. Ela então disse: “ Pense bem, vamos ver primeiro quem é este homem! rsrsrs
Todas as famílias das meninas se reuniram para uma reunião e conseguir mais informações..
Estavam presentes o contratante e o coordenador da academia Cozido. A partir desta reunião, decidimos aceitar a proposta. A sensação era de seriedade.
IQ- Não teve medo de ir para outro país sozinha?
Eli- Nenhum. Eu precisava sair, aprender algo novo. O empresário desde o primeiro momento se mostrou protetor do grupo, profissional. Ninguém poderia perturbar ou causar problemas para o grupo. Fiquei com eles durante 12 anos.
IQ- Sofreu algum tipo de preconceito?
Eli- Felizmente não. A empresa era bem conhecida e nós meninas, muito respeitadas.
IQ- Quantos países você já conheceu através de seu trabalho?
Eli- A Itália toda, a Eslovênia, Croácia, Suíça, Áustria, Alemanha, República Tcheca, Bósnia.
IQ-Você e seu marido montaram a sua própria companhia não foi? Como foi essa transição de funcionária para empreendedora?
Eli- Conheci Simone, hoje meu marido, na Itália, mas como já disse, devido ao contrato nós, mulheres, não poderíamos ter contato com homens porque poderia afetar o trabalho durante a turnê. Quando acabou a temporada em 2011, Simone veio me conhecer no Brasil. Primeiro foram 20 dias, depois 1 mês e agora …….casados.
Nosso projeto nasceu na Bahia, quando decidimos viver juntos e mudar radicalmente de vida.
Primeiro, tentamos conhecer as oportunidades de trabalho oferecidas em Salvador naquela época.
Em um passeio encontramos em Mar Grande, uma pousada fechada por anos, daí pensamos: Por que não reformamos e fazemos business com turismo? Da reforma de uma pousada de propriedade de um sueco hoje a Wiktoria (nome da pousada) é um ponto de referência para turistas e jovens artistas do mundo. Aqui o nome do primeiro projeto de Cores da Bahia.
IB- Qual a relação da Pousada com o show?
Eli-Bom! Precisávamos de uma base, um ponto de apoio, um lugar para pensar e criar. E onde seria o melhor ponto senão na Ilha de Itaparica?
Voltamos para a Itália finalizar tudo por lá e começar um novo desafio : Pousada Wiktoria.
Após seis meses (2012), conseguimos juntos coroar o primeiro sucesso : a pousada com seus clientes satisfeitos.
Pouco antes do inverno em Salvador, olhamo-nos com inquietude, e pensamos: E agora o que vamos fazer nesta Ilha sem ninguém?
Pensamos, pensamos, pensamos… : “SIM! Eu danço e você (ele) organiza! Se nós unirmos nossas forças, podemos criar um grupo capaz de promover a beleza natural do Brasil? Então talvez nós também possamos promover a pousada.”
E assim nasceu este grande projeto, referência hoje em toda a Europa em termos de novidade, qualidade e energia.
Nós começamos a estudar as necessidades, os concorrentes e nossos clientes.
As primeiras perguntas que fizemos foram: O que queremos propor? Qual finalidade Qual é o target (segmento)?
A resposta foi nossa casa, em nossa pousada. Olhamos como estamos fazendo turismo e o que seria servido para oferecer um serviço de qualidade e decidimos oferecer algo semelhante às instalações de turismo italianos, uma maneira de divulgar a tradição afro baiana e tocar os usuários de férias e preparado para viajar e aprender. Trazê-los para conhecer o nosso Brasil, e nossa pousada.
IB- E a seleção dos artistas? Como começou?
Eli- Começou a primeira seleção com poucos recursos, poucas pessoas cuidadosas para nos dar uma mão, nenhum organismo público intencionado em nos ajudar. Em Salvador ninguém disposto a ouvir as nossas ideias…. Todos com medo.
Depois de muita promoção, um grupo de rapazes que tinham acabado de sair de um curso da escola nacional de circo no Rio, entrou em contato com a gente.
Dalí a 1 meses nós trouxemos as primeiras equipes na pousada, financiadas pelo turismo de verão na pousada, e começou o primeiro treinamento atlético e técnico de um circo diferente. Desde aquela época já passaram quatro anos e, hoje, os melhores atletas circense do Brasil fazem parte da família Cores da Bahia.

IB- Como é o espetáculo de vocês?
Eli- O show criado em fases. É uma estória fantástica que é centrada em torno dos lugares típicos do Brasil, a verdadeira tradição afro brasileira.
Uma onda emocional construída sobre a base de danças típicas e coloridas com a milenar e profunda arte circense.
O nosso coreógrafo cria todas as etapas de: Um circo diferente! E artistas emergentes, com paixão, energia e teatralidade interpretam.
IB- Na última temporada visitaram quais países?
Eli- Itália Eslovênia Alemanha, Croácia, França.

IB- Onde vocês moram atualmente? Pretendem se fixar em algum lugar?
Eli- Hoje somos cidadãos do mundo. Gostamos de nos deslocar para lugares diferentes e aprender sobre diferentes culturas.
IB- E Brasil?
Eli- Vivemos durante quatro meses no Brasil. Para criar uma turnê com 10 artistas precisa pensar, pensa, estudar, criar, se expressar! E que melhor lugar que na Ilha de Itaparica, em Mar Grande?
IB- Quais os planos para o futuro?
Eli-Foram 120 shows na temporada de 2016. Próxima temporada estaremos em Israel, Tel aviv para 8 meses com uma produção e de maio até setembro na Europa. Queremos chegar em Ásia e USA.
Cores da Bahia, um circo diferente!




Que bom saber que a cultura do nosso pais esta sendo reconhecida por todo o mundo,aqui nos temos muitas belezas diversificadas, onde só precisa ser valorizada pela sociedade, e e claro uma oportunidade de mostra-la,que esse sucesso continui sendo representada por essa pessoal maravilhosa Elidaiane.beijos
Obrigada Eli, você representa muito bem nosso Brasil lá fora. Orgulho demais.